Cunha é uma daquelas cidades que eu queria visitar já tem alguns anos… Mas por algum motivo, ainda não tinha ido. Cunha é uma das 12 cidades paulistas a ser considerada Estância Climática e outro fato curioso é que a cidade é o maior município do Vale do Paraíba em extensão territorial, porém a população está estagnada em cerca de 20 mil habitantes há mais de 1 século! O loko bicho!
Saímos de Campinas de madrugada e vimos o sol nascer na estrada! Que coisa linda! Eu não sei explicar em palavras, mas tenho um certo fascínio pelo nascer do sol… O dia começando… Aquelas cores no céu… Tudo ganhando cores e vida.
Quase chegando em Cunha, já na Estrada Real, vimos uma parada tipo um mirante na pista e paramos. O lugar chamou atenção pois tinham várias mudas de árvores, bancos e um balanço! E pra nossa surpresa, conhecemos o Luiz, o responsável por criar esse mirante. Ele cuida do lugar somente com o apoio de doações e já conseguiu fazer bastante coisa! Ele disse que o plano é construir um café para receber os viajantes e reverter o lucro para a manutenção do local. Achei fantástica a iniciativa dele! Por mais pessoas como o Luiz no mundo! Segue o arroba dele para quem quiser conhecer mais: @luizbettoni
Chegando em Cunha ficaríamos no Latitude Lodge, uma hospedagem charmosa e tranquila, rodeada de natureza e tranquilidade. Os lodges são na verdade um container! Mas pensa num lugar com total conforto e infraestrutura! Assim é o Latitude Lodge, muito bem planejado pela Marília, com sua vasta experiência de viajante.
O lugar conta com 5 lodges (tornando a experiência bem privativa e exclusiva – o que já gostamos muito) e uma área externa excelente: tem um amplo espaço gourmet com churrasqueira, forno a lenha e todos os utensílios necessários. Também tem um espaço para fazer fogueira e um ofurô! Fora o paisagismo: extremamente cuidado e lindo! Cheio de flores e suculentas!
Ficamos no Lodge 2 e fomos recebidos com uma cesta de café da manhã deliciosa! Bem completa com frutas, frios, leite, suco, ovos, geléia, pão de forma integral (meu preferido!), iogurtes, cookies… Tudo o que a gente necessitava pra um belo café da manhã!
No lodge tem alguns ítens básicos de cozinha como café, açúcar, sal, pimenta e azeite. Ou seja, chegamos e já deu pra fazer aquele cafezinho e repor as energias… afinal, depois de 4 horas de viagem a fome era grande!
Uma coisa que gostamos demais no Latitude é a autonomia que temos para chegar e sair! O portão de entrada e a porta do lodge são abertos por senha! Então você chega e sai sem depender de ninguém. Muito prático! Simplesmente adorei!
Depois de explorar um pouco nossa “casa provisória”, saímos pela cidade. Outro ponto positivo é que o Lodge fica a poucos metros de uma das entradas da cidade! Ou seja, em poucos minutos já estávamos em Cunha!
De cara já conhecemos a Casa do Artesão. Um local cheio de cores e sabores! Lá você encontra produtos locais como bolachinhas, a famosa Paçoca moída (simplesmente maravilhosaaaa!) peças de cerâmica e muitas outras coisas bonitas.
Seguimos para o centro e foi difícil achar uma vaga nessa cidade cheia de morro, fusca, ruas estreitas, e cachorros!
Lá vimos a famosa Igreja Matriz, fundada em 1731! A igreja é simplesmente maravilhosa! E estava sendo restaurada. Uma pena pois não deu pra fazer as fotos que gostaria… Nessa hora a fome apertou e o tempo começou a fechar… Foi quando achamos um lugar simpático, com almoço por 17 reais! Cardápio do dia era Nhoc de batata doce e foi ali mesmo que paramos. Comidinha boa e barata! A combinação perfeita!
Como a chuva apertou, aproveitamos pra correr pro Mercado Central (bem na frente de onde almoçamos!). O mercado é um espaço pequeno com algumas bancas: de frutas, cachaças, doces, tabacaria, cafés e outros produtos locais. Já garantimos o vinho da noite…
A primeira noite foi o dia de estrear a lareira. Seguimos as instruções da Marília e acendemos de primeira! Pronto, chalé quentinho e vinho na taça. Pra que mais?
No dia seguinte, a ideia era ir até o Parque Nacional da Serra do Mar. Acordamos as 5 da manhã e depois de tomar um belo café, arrumar as tralhas de foto, pegamos o carro e partimos na Estrada Real rumo ao Parque…
Por alguma razão até então desconhecida, fomos pela estrada a fora… admirando a paisagem. A estradinha é simplesmente linda! E um fato importante: em Cunha não tem sinal, não tem 3g… simplesmente não tem! Só no centro. Ou seja, era seguir na fé. Acreditando que tava certo. Conclusão, passamos da entrada do Parque… chegamos no estado do Rio! Na verdade, quase chegamos em Paraty! E depois de chegar num trecho em obras, perguntamos pro tiozinho que disse: “Ih… vocês tão longe desse Parque… Tão chegando em Paraty! Tem que voltar láaaa pra Cunha!”.
Toca voltar pra Cunha… Na volta, vimos a placa indicando a entrada do Parque: Enorme, gritando pra gente: AQUI!!! O PARQUE É POR AQUI!!! Enfim… fomos. Nisso, o tempo foi fechando. Ao entrar na estrada de terra rumo ao Parque, a placa dizia: 20km. Você sabe o que são 20km em estrada de terra? O equivalente a 5 dias! 😂
Durante o trajeto, em silêncio, começamos a notar uma neblina… um céu cinzento… Mas preferimos não falar sobre o assunto.
Enfim, chegamos no Parque junto com a chuva! E pasmem, iríamos fazer a trilha das cachoeiras: uma trilha de 14km com duração de umas 5 horas. Massss, chuva, cachoeira e câmera não combinam muito… Ou seja, voltamos. Tristes, calados e ligeiramente irritados.
Depois de almoçar, descansar um pouco, fomos conhecer o Estação Café Real. O local é bonitinho, bem decorado, tem um pequeno empório com vinhos, queijos, geléias, cafés e outros quitutes. Mas pra falar a verdade, esperávamos mais desse café. Nada demais…
Fizemos umas fotos no local, no trilho do trem e vazamos!
Tem momentos que fico na dúvida se prefiro a foto PB ou colorida… Qual você prefere? Me conta e me ajuda a decidir!
Estação Real Café
Estação Real Café
Nessa hora, o tempo limpou e tudo que a gente queria era um lugar legal pra fotografar o pôr do sol.
Seguimos pro centro e paramos num mirante logo na entrada. Foi ali o point daquele dia.
Voltamos pro Lodge e essa noite foi o dia de acender a fogueira!
Com tudo pronto (lenha, jornal, pinha e gravetos) não foi uma tarefa difícil! Eles facilitam ao máximo e a experiência é ótima!
Preparamos uns petiscos, o resto do vinho e ficamos curtindo uma fogueira à luz do luar. Ui!
Depois de horas observando a dança das labaredas, resolvemos entrar.
No dia seguinte fomos finalmente até o Lavandário. Em Cunha a maioria dos lugares só abre aos finais de semana, ou de quarta a domingo, como é o caso do Lavandário e do Contemplário (e vários outros).
O lugar é realmente bem bonito! E o dia estava propício! E esse sorvete… É aquela coisa, você tá lá então tem que provar esses sabores meio “estranhos”… rsrs
Além do famoso sorvete de lavanda, eles fazem outros sabores que nunca tinha visto na vida (com excessão do sorvete de limão siciliano!) como manjeiricão, alecrim, chocolate belga COM LAVANDA, verbena, maçã com lavanda, pimenta rosa… Enfim, eu até que gostei dos sabores. O único que achei BEM estranho, foi o de manjeiricão. Esse realmente é esquisito… E olha que adoro manjeiricão! E um pesto então, vixi! rsrs Mas o sorvete não rolou.
Essa é a “sede” do Lavandário. Ali tem uma lojinha com produtos naturais que eles mesmos produzem. Claro que a Lavanda é a estrela principal e tem desde óleos essenciais até azeites, sal aromatizado, objetos decorativos, entre outros…
Essa é a entrada da sede. Tem também um café e uns quitutes pra comer… Mas como eu já estava de olho no sorvete, não liguei pro café dessa vez (coisa rara, porque adoro um cafezim!).
Tem lavanda em todo lugar! Fui no banheiro, achando que encontraria um “sabonete de lavanda” e pro meu espanto não era! Era de erva doce! Absurdo. Que decepção…
Brincadeiras a parte, o Lavandário, apesar de ser aquele ponto turístico “batido” é bem bonito e com certeza vale uma visita! Coisa linda de ver aqueles campos de lavanda a perder de vista… E ao redor o “Mar de Morros” da Serra do Mar e Quebra Cangalha. Vale parar por um tempo e ficar ali observando… Sentindo a brisa leve, ouvindo o som da natureza.
Silêncio para não atrapalhar os trabalhadores locais! 🐝🤫
Saímos de lá e fomos em direção a Pedra da Macela, aproveitando o céu azul quase sem nuvens, já que lá tem uma fama de ser nublado em grande parte do tempo! A estrada que leva até a Pedra da Macela é a mesma que passa pela tal Cervejaria Wolkenburg (aprendi a pronúncia depois de bater um papo com a Raika).
E pro nosso espanto, ao entrar na estradinha de terra que leva a Pedra, nos deparamos com essa placa ao lado… 🙄😢
Mesmo assim decidimos ir até lá e entender melhor sobre estar “Fechada”. Afinal, como uma Pedra pode estar fechada? Rs Enfim, seguimos!
A estradinha de terra é linda… cheia de hortênsias, araucárias, aves, pato atravessando a rua e muita, mas muita umidade! Eu disse pato? Pois é! Um só não… uma galera!
Não é à toa que colocaram essa placa aqui ao lado… rs
E não é que a lenda do tempo nublado na Pedra é real? Ao adentrar pela estradinha de terra, o céu começou a ficar cinzento… a umidade aumentou… O clima ficou até mais friozinho! Parecia outro lugar! Fomos parando ao longo da estrada pra fazer uma foto ou outra… Como de costume.
O tempo já tava bem nublado, mas de repente uma neblina cobriu tudo! Parecia cenário de filme!
Até engraçado imaginar que meia hora atrás estávamos debaixo daquele céu azul royal e agora a neblina vinha se espalhando e não enxergávamos 4 metros a frente!
Avistamos algo que parecia ser a entrada de algo… Mas só quando chegamos bem embaixo foi que deu pra ver que era finalmente a entrada da Pedra!
Conversamos com o Rodrigo, o guarda que estava na portaria e ele nos explicou que nesse período de chuva eles deixam fechado por questões de segurança, pois teve um deslizamento um ano atrás… (UM ANO ATRÁS!)
E o mais inusitado foi que ele nos disse que minutos atrás tinha acabado de descer da pedra e lá em cima, pasmem, o céu estava azul! Doidera!
Enfim, já que não dava pra subir até a pedra, andamos ali por uma trilha que levava até uma pequena cachoeira… Só pra não perder a viagem. E até que rendeu uns cliques por lá…
E só por curiosidade, aproveitei pra comparar uma longa exposição feita com o celular e uma feita com a câmera.
E por incrível que pareça o celular não deixou a desejar! Mesmo segurando na mão até que deu pra fazer uma longa.
Na câmera, usei uma 24-105mm. Mas tive que apoiar no tripé! Aí não tem jeito!
As composições não são as mesmas… Porque pra falar a verdade com meu tripé não consigo deixar a câmera na vertical. Então pra fazer a foto no formato retrato aqui ao lado, tive que fazer um recorte na proporção 4×3. Mesmo nos 24mm da lente eu não consegui um ângulo maior. Mas até que deu pra brincar.
E aqui abaixo a foto completa, como foi tirada sem o recorte da de cima!
Entre as duas fotos, dá pra ver que a grande angular do celular é incrível! E dá pra ver também a diferença nas cores. Por outro lado, na foto da câmera dá pra perceber mais detalhes… Mais texturas. Algo mais pulsante… Enfim! Eu não sei dizer qual prefiro… Cada uma tem seu valor! Você teria alguma preferida?
Saímos de lá e fomos até o Contemplário. E no caminho já vimos a mudança no clima mais uma vez! Dessa vez foi o inverso: a neblina começou a ficar dispersa… o cinza foi se afastando e de repente começamos a ver aquele mesmo céu azul de antes.
Impressionante!
No contemplário não é cobrado nada pra entrar… Então chegamos e fomos explorar.
Lá, além das lavandas, tem flores e outras ervas. E tem também uns decks pra você sentar e realmente ‘contemplar’ o lugar. A proposta deles é bem essa: de contemplação à natureza. Não é permitido sair das trilhas e se sair você paga uma multa.
O lugar é maravilhoso! E pra falar a verdade achei até mais bonito que o Lavandário. As hortênsias de lá eram as mais lindas! E mais, de repente um doguinho começou a seguir a gente… Depois descobrimos que o nome dele é Ernesto! Fizemos amizade facilmente! Ernesto é gente boa!
Dessa vez paramos pra tomar um cafezinho… Apreciando aquele campo maravilhoso! E o café, achei muito bom!E pra variar, o tempo começou a fechar.
Aquela noite rolou uma jantinha no Lodge! Macarrão bolonhesa. E olha, ficou bom hein!
No dia seguinte fomos conhecer as cachoeiras. As mais famosas lá, são a Cachoeira do Pimenta e a do Desterro. Pra falar a verdade é bem fácil a saída pra essas cachus, mas pra variar fomos seguindo o Waze e acabamos entrando numa propriedade particular e achando que era lá, seguimos. Até cruzarmos com uns caras trabalhando que nos disseram:
– Ih… um monte de gente vem pra cá seguindo o mapa. Mas não é aqui não! Tem que voltar laa pra Cunha (parecia um dejavu ouvir o “voltar lá pra Cunha” rsrsrs).
Enfim voltamos e seguimos… A estradinha de terra que leva às cachoeiras é ótima pra ver aves, paisagens e outros bichos. Foi nessa estradinha que vimos o tal do Sagui Caveirinha ( ou sagui da serra escuro), um bicho endêmico da Mata Atlântica do sudeste do Brasil e está entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo! Pesquisando depois descobrimos que a espécie ficou desaparecida por mais de 20 anos! Até ser “encontrado” novamente em 2017 por um grupo de pesquisadores.
Que privilégio ter esse encontro inusitado!
Fomos primeiro na Cachoeira do Pimenta. Você pára o carro literalmente do lado da cachoeira! Tem uma pequena “lanchonete” no local onde comemos um belo pastel frito na hora! A cachoeira é bem gostosa e tranquila… Rendeu algumas fotos…
Depois fomos na Cachoeira do Desterro e nessa você para o carro próximo a uma ponte onde tem uma porteira com a placa sinalizando a trilha que dá acesso a cachoeira.
Trilha bem tranquila… a não ser por um trecho que tava puro barro que tava impossível de passar. Mas deu pra desviar pela parte lateral sem ter que pisar naquele atoleiro! Kk
A Cachoeira do Desterro é bem bonita! Chegando pela trilha você vê a parte alta. Ela é bem imponente e a água é beeeem forte!
Pela trilha lateral você chega na base da cachoeira e consegue ver a queda! DEMAIS!
E nessa hora o tempo realmente fechou e começou a garoar. Então pensando no trajeto de volta até o carro, na câmera, no atoleiro, achei melhor voltarmos logo pro carro.
O calor era tanto que nem ligamos em pegar a chuvinha na volta. Deu até uma leve refrescada!
Ah, e detalhe, pra chegar nessa cachoeira é preciso abrir uma porteira num determinado ponto da estrada! Se for lá não estranhe… Tá certo o caminho.
Voltamos ainda sem almoço (só com o pastel do Pimenta) e resolvemos parar na Casa do Strudel. Eu já tava de olho nesse lugar desde que chegamos lá. Não poderia ir embora de Cunha sem provar o tal strudel.
O lugar é uma graça! Comemos um quiche, que mais parece uma torta de massa folhada. DELICIOSA!!! E claro, depois de tantas andanças e calor, um brinde foi necessário!
O strudel é simplesmente DIVINO e acompanha um chá de maçã que, por conta do calor, estava sendo servido gelado. Uma coisa eu te falo: COMA ESSE STRUDEL COM O CHÁ! E depois me conta…
Nesse dia o cansaço era tanto que nem lembro o que aconteceu a noite! Kkk
No dia seguinte, era a nossa despedida do Latitude. Que lugar! Nem tínhamos ido embora ainda e já estávamos com saudade do nosso lodge, da varanda com aquela vista pra natureza. O lodge é muito aconchegante! E adoramos a estadia!
Nesse dia, saímos do Lodge e fomos para O Olival, onde ficaríamos os próximos dias da nossa aventura por Cunha.
Mas como a história tá ficando meio longa, vou encerrar esse post por aqui e continuar a saga Cunha no próximo…
Mas diz aí… já visitou Cunha? Se ainda não, ficou com vontade? Me conta aí nos comentários que vou adorar saber!