Parque Nacional da Serra da Canastra – Parte 1

Serra da Canastra dispensa muita apresentação, lugar belíssimo com fauna e flora únicas, também um lugar de pessoas pacatas e amigáveis. Nossa primeira visita foi por volta de 2007, depois voltamos em 2008, sempre ficando na simples e aconchegante Pousada VL, do seu Vandinho e Dona Carmelita em São Roque de Minas/MG. Café da manhã daquele jeito, tudo o mais fresco possível, enquanto se ouve a vocalização equalizada de um bando de japu que vive no local, além de outras aves. Nossa rotina todas os dias era acordar, tomar o delicioso café da manhã, fazer uns lanches para trilha (incluído no valor da diária) e passar o dia todo em alguma cachoeira da região. O que não excluía a possibilidade de visualizarmos ou ouvirmos um ou outro bicho aqui e ali.
5 anos se passaram e lá fomos nós de novo, em Julho de 2013 visitamos novamente o lugar mas dessa vez com o objetivo de fotografar bastante, além de curtir a água. Conseguimos lidar bem com as vontades e como sempre gostamos demais do passeio.

Começando então pela pousada, os japus (Psarocolius decumanus) são o despertador do lugar, é um jeito no mínimo diferente de acordar. É só se ajeitar num barranco atrás da pousada e esperar eles se acostumarem com a nossa presença para conseguir algumas fotos:

 

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Enquanto esperávamos o café sair vimos um indivíduo pegando uns fiapos de folha de palmeira e foi só marcar o tempo do danado, não deu outra, click nele:

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Uma voltinha a mais no terreno e a saracura-três-potes ciscava (forrageava?) tranquila e não se incomodou muito conosco, isso há uns 10 metros (se muito) da porta do nosso chalé:

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Fomos então para a entrada do Parque com um breve e útil roteiro provido pelo amigo Carlos Veríssimo, alias, lembro que chegamos no fim da tarde em São Roque e fomos procurar o capacetinho-do-oco-do-pau num ponto uns 2 km antes da entrada do parque e percebemos que a coisa ia ser um pouco diferente do que pensávamos, pois uma obra grande e empoeirada estava acontecendo no local. Se tratava do alargamento/melhoramento da estrada e ia até 7 km parque adentro, enfim, nem sombra do capacetinho no lugar.

Mas na entrada do Parque novamente a coisa mudou de figura, enquanto papeávamos com o guarda e ele nos mostrava o ninho da águia-chilena algumas belezinhas do lugar apareceram, começando pelo papa-moscas-de-costas-cinzentas (Polystictus superciliaris). Muito bom ver essa ave por lá em segurança, pois se encontra quase ameaçada de extinção.

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Também apareceu um casal de sanhaçu-de-fogo (Piranga flava), foi a primeira vez que vimos e foram bem simpáticos permitindo uma boa aproximação:

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Movimentos na grama na descidinha do barranco e para nossa surpresa um macho de pintassilgo (Sporagra magellanica) forrageava freneticamente, bonito de ver ao vivo, mas por agora só imagem:

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Partimos então parque adentro, próxima parada “Nascente Histórica do Rio São Francisco”. O lugar estava bem calado, o que de certo modo era bom, sair dessa barulheira de Campinas e ir em lugares onde só se ouve o barulho do vento é impagável. Demos um tempo e tentamos chamar alguns da listinha na vocalização. Enquanto chamávamos alguns da lista, quem apareceu foi o joão-pobre (Serpophaga nigricans), ou traduzindo Comedor de mosquitos escuro”:

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Nas margens da Nascente um pouco da vegetação nativa, a da direita é uma espécie de sempre-viva:

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Seguimos para o Curral de Pedras, também conhecido como Retiro dos Posses (nome de família dos antigos proprietários). Lugar bem interessante, muros de pedra construídos sem argamassa resgatando a tradição dos moradores e dos tropeiros que por ali passavam:

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E dá-lhe estrada…

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Embora já estivéssemos cientes da presença do bicho era sempre bom ler na lista do Carlos: “galito por todo o parque”, rs…não deu outra, poucos quilômetros a frente do Curral vimos essa ave bela e que infelizmente se encontra em estado vulnerável, também devido a perda de habitat:

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Confesso que depois do galito registrado respiramos um pouco aliviados, essa era uma ave que queríamos ver muito, assim como o papa-moscas-do-campo, mas antes disso notamos um gavião-de-rabo-branco no meio do campo perto das torres, tentamos uma aproximação mas o danado estava meio tímido, ainda assim rendeu o registro abaixo:

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Não lembro ao certo, mas nesse dia pretendíamos chegar até a Cachoeira do Fundão, detalhe, de CELTA. Poucos metros na descida da trilha nos convenceram que ia ser uma tentativa quixotesca e infeliz…
Voltamos e decidimos seguir até a estrada que desce para a Cascadanta (parte alta), enquanto rumávamos para lá nos surpreendemos com um casal de veado-campeiro se alimentando bem perto da pista!! Paramos assim que vimos e fomos aproximando devagar, estavam bem pacatos como se vê nas fotos:

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Um pouco a frente vimos as tão sonhadas aves miudinhas que saem papando moscas pelo campo, impressionante ver como são pequenas e frágeis, outra bem ameaçada por perda de habitat, coisa linda de ficar olhando:

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E mais estrada a 20 km/h, olhos atentos o mais que podíamos:

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Vai que na volta da trilha da Cascadanta novamente o papa-moscas-do-campo aparece, dessa vez mais perto:

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Para foto-naturalistas sem tanta bagagem já nos sentíamos satisfeitos, mas sobre um cupim esse casal de gavião-de-rabo-branco facilitou muito o registro, acho que depois de um dia cheio a procura de comida eles nos viram como curiosos inofensivos:

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Paramos mais uma vez no curral para descansar um pouco, tomar o resto de água e comer o que restava do lanche, Canastra dia 1, missão cumprida, todos são e salvos:

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No segundo dia fomos tentar ver o famoso pato-mergulhão num ponto no meio do caminho para a parte baixa da Cascadanta. Na verdade é uma sítio pelo qual cruza o Rio São Francisco e que o proprietário cobra uma pequena taxa para quem quer tentar ver o bicho, que costuma frequentar o lugar.
Infelizmente não lembramos o nome do local, mas como sempre o rio se mostrou lindo e limpo, lugar ideal para se frequentar mesmo não sendo um pato-mergulhão.
Não vimos a ave durante umas 2 horas que ficamos por lá, mas guardamos boas lembranças do lugar:

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Seguimos então para a parte baixa da Cascadanta, havíamos feito um trato de um dia procurar aves e no outro dia nos dedicarmos a água, umas das decisões mais difíceis a se tomar quando se gosta dos dois. Destaque para algumas placas no caminho:

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Chegamos no Parque e tomamos posse de um daqueles quiosques perto da água, com um olho na água e outro nas aves, foi que uma família veio comentando de um bando de macacos mais a frente na trilha, fomos correndo lá e nos deparamos com um bandinho de macaco-sauá! Vê-los se alimentando com a paisagem da vegetação que margeia o São Francisco metros abaixo da queda d’água gigante foi sensacional:

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Voltando para o quiosque notamos movimentação na árvore e um desses movimentos era do bico-virado-carijó que resolveu dar o ar-da-graça, ou que tivemos sorte de ver na hora certa, enfim:

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Também a maria-preta-de-garganta-vermelha:

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E então já não dava mais, era por volta de 13:00hs e quem conhece o Sol que arde na Canastra sabe que a água é o melhor remédio, caímos nela com gosto, afinal é meio que ir em Roma e não ver o Papa ou algo assim…

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Clicando e pulando…

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Na volta algumas aves foram vistas, mas sem chance de registro, a não ser por um tucanuçu canastreiro:

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E muita paisagem bacana, esse paredão embeleza qualquer quadro, também acaba passando de algum modo pela sua grandeza o quanto somos insignificantes perante a natureza:

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No caminho, pela estrada afora, meio que para mostrar que não era conto de fadas mas poderia ser, apareceram os três:

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Nesse dia voltamos famintos, combinamos de tomar banho e sair logo para o restaurante Zagaia comer uns bifes de “boi”, mas pelo que lembro tudo acabou em pizza, literalmente.
O resto da aventura canastreira continua no 2º capítulo…

 

 

 

 

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Chris Dornellas

Chris é fotógrafa e publicitária e entre uma coisa e outra também cuida desse blog. Quando não está na frente do computador se aventura para algum meio de mato, atrás de novas fotos e histórias. Devoradora de bons livros e chocolate meio amargo, também aprecia uma boa prosa e novas amizades.

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