Fazia um certo tempo que pretendíamos ir pra São Bento do Sapucaí, mas não sei porque enrolamos tanto. Partimos numa quinta e lá fomos nós atrás da Pedra do Baú, do Sanhaçu-frade e da broa de milho!
Chegamos na cidade à meia noite… A mistura de cansaço e vontade de chegar logo fez com que o trajeto final até o chalé fosse bem mais emocionante que o normal, e eu explico! A estrada é formada por S seguido de S! E o recomendável é andar devagar… Mas o Elton tinha uma certa pressa aquele dia…
Depois de passar por essa e sobreviver ao cheiro forte de pneu queimado, chegamos ao destino! Era tarde, mas lá estava o Vicente, nos recebendo com um sorriso no rosto e aquela calma de quem vive lá. O céu estava estrelado e ficamos animados imaginando as possíveis imagens que levaríamos dali.
A sexta chegou com céu azul e fome. O café da manhã é de tirar o chapéu! Cheio de bolo, croissant, geleias, sucos… Tudo natural e feito na hora. Você chega e logo é invadido por aquele aroma de café – que é cultivado ali! – e dos bolos e pães de queijo. Enfim, me esbaldei no café (bem mais que o Elton!), já que uma bela caminhada nos esperava. Comi sem culpa! A vontade era ficar ali na ‘rede’, com aquela vista horrível… Mas uma longa trilha nos aguardava! A rede ficaria pra depois!
Equipamento pronto, hora de seguir rumo à Pedra do Baú. Nada como conhecer um lugar novo! Pra cada lado que você olha, vê uma foto se formando… E daí é um tal de “pára o carro! pára o carro! olha aquela luz!” rsrs E as vezes a gente se empolga… e se acha algum personagem de filme… Como o Elton, influenciado por “Into the Wild”, se comportou nessa hora… Com matinho no canto da boca… Tipo, ‘sou do mato’. rs
Até eu entrei na onda… Mas sem matinho no canto da boca! 😛
O calor apertou e o suor escorria na trilha para a famosa Pedra. Depois de subir um bom trecho, vimos o tão sonhado Sanhaçu-frade. Mas o danado não deu moleza, e prometi a ele voltar pra conseguir um registro a altura de sua beleza.
A subida era tensa. Ou digamos que eu não estava no meu melhor preparo físico! E subíamos… Sempre de olho em tudo ao redor.
Uma pausa pra recuperar o fôlego no único espaço com sombra! Um gole d’água, umas boas respiradas e… subindo!
No alto da pedra encontramos com um grupo de chineses explorando o local. A que tudo indica, uma família. E era um barato observar: eles estavam igual crianças! Queriam tirar foto de todos os lados e as vezes até se arriscavam, ficando na beira da pedra, sempre em busca do ângulo perfeito. Fazer umas pausas na pedra é fundamental! Uma vez lá em cima, é preciso aproveitar o momento. E o vento soprava forte!
Depois de muita caminhada, suor e água, encontramos o lindo tucano de bico verde, já na volta:
E também o surucuá-variado, que ficou por ali, e nos deixou fazer fotos de vários ângulos.. Bicho bem pacato!
No dia seguinte encontramos o estalinho, espécie endêmica do Brasil, quase ameaçada, com registros em apenas 7 estados do Brasil e 7 cidades do estado de SP (wikiaves). Sou ainda péssima em nomes científicos, mas confesso que o nome desse vou lembrar com mais facilidade. Phylloscartes difficilis, que significa: (Ave) difícil que dança na folha. (wikiaves). Ele é realmente difficilis de fotografar!
Vimos também o quete. Essa espécie é endêmica das montanhas do Sudeste do Brasil, particularmente de mata atlântica de altitude (acima de 900 metros). O encontro foi rápido! Deu tempo de fazer 2 ou 3 fotos e lá se foi ele… Junto estava um bandinho de saíra viúva. Mas essas estavam um pouco mais longe, e foi meio impossível conseguir uma foto descente com apenas 300mm! Fora que elas estavam em uma parte bem escura.
Assim que vimos o quete, ficamos enrolando por ali… fazendo silêncio pra ouvir a mata. E foi então que começamos a escutar um barulho. ‘Alguém’ batendo… Aliás, uma bateção e tanto! Olhando um pouco para o lado, demos de cara com ele! O arapaçu-escamado-do-sul, e logo mais alguns outros.
Em uma das vezes que paramos o carro pela estrada, eis que surge essa figura, correndo pela pista até nos alcançar! Não resisti, e click!
O lugar é de fato privilegiado! Tanto é que mesmo enquanto estávamos no chalé a câmera não tinha folga. Estávamos cercados por todos os lados. Então o jeito era clicar!
A serra recebe uma iluminação diferenciada: vários tons se formam. Relevos, tons, luzes e câmera na mão só podem resultar em foto!
Durante o tempo em que ficamos lá arriscamos um timelapse. É bem legal ver um pôr do sol se passando em poucos segundos. Ver toda aquela mudança de luz acontecendo tão rápido é incrível! Depois de pesquisar sobre a parte técnica da coisa, escolhemos os lugares e horários e fomos para o teste. O difícil foi conseguir pegar o nascer do sol pois temos que configurar a câmera com um valor x de ISO, abertura e exposição e esse ‘setup’ é o mesmo em todo o timelapse. Como fotometrei pouco antes do sol nascer, quando ele veio chegando as fotos foram ficando superexpostas! O inverso aconteceu no pôr do sol. E no outro dia, enquanto a gente deu uma descansada depois do almoço, deixei a câmera lá de novo, dessa vez pegando o movimento das sombras e das nuvens. A gente se surpreendeu vendo a ‘dança das nuvens’ depois de montar a sequência das fotos que foram tiradas durante 2:30h! Conclusão: nada como a prática para aprender a manha! E outra, timelapse requer uma certa paciência pois, enquanto a câmera fica lá parada fazendo as fotos, é preciso arrumar algo pra fazer! O ideal seria ter 2 câmeras. Então, só posso concluir que preciso de outra urgente!
Caso tenha alguém curioso sobre o resultado do timelapse, aí vai o vídeo. Mas só para setar as expectativas: está bem simples!
O lugar é mesmo fantástico! Saímos de lá com aquele aperto no peito, já pensando em voltar!
Abaixo o local onde ficamos:
Pousada: Chalé Lago do Baú
Fale com Vicente ou Carminha. O casal de proprietários nos cativou pela simplicidade e simpatia!
Respostas de 2
Mais uma excelente matéria que provoca minha curiosidade sobre a fotografia de pássaros e outros animais. Chris, você já experimentou usar um duplicador Vivitar para sua Canon? Ela iria para 600mm, embora perdendo luz (1 ponto).
Que bacana saber que gostou Ernesto! 🙂 Fotografar aves e animais em geral é uma delícia… Mas sobre o duplicador, acho q seria como o TC (Tele converter)… Sabe que ainda não usei mas tenho curiosidade sim! Taí algo que vou colocar na minha listinha de próximas compras! rsrs