Macrofotografia em 10 Passos

Fotografar fauna e flora é algo prazeroso por sí só, mas registrar e visualizar detalhes impossíveis a olho nu é sem dúvida algo fascinante.
Isso é possível hoje com várias câmeras, passando por celulares, câmeras de bolso até chegar nas DSLR´s, basta um pouco de paciência e aprendizado, que vem com a prática e alguma leitura.

O termo Macrofotografia basicamente se refere a uma imagem reproduzida no sensor do mesmo tamanho do objeto real (1:1) e vai até (10:1), diferente da fotografia close-up, relativa a ampliações entre 1:10 e 1:1.

Abaixo vemos um mosquito fotografado com uma lente 100mm macro e um besouro fotografado com a lente 100-400mm (close-up)

 

Mosquito macro
is0 400, 100mm, f/8,0, 1/250 s

 

besouro close-up
iso 320, 400mm, f/5,6, 1/500 s

Um bom exemplo seria um mosquito de 1 cm, com lentes comuns é possível fotografá-los e conseguir uma boa ampliação, mas para entrar no mágico nível de detalhes é necessário algumas técnicas ou acessórios.

Uma característica de lentes macro e de algumas câmeras compactas é a capacidade de poder aproximar bem do assunto a ser fotografado, consequentemente podendo recortar mais a imagem e obter um nível maior de detalhes.

Como dito, com câmeras compactas é possível fazer macro devido a capacidade delas de poder aproximar do assunto, já com DSLR´s será necessário tubos de extensão, lentes invertidas ou o ideal: Uma lente macro!

Uso a Canon EF 100mm f/2.8 Macro USM Lens, embora ela não possua estabilizador de imagens considero uma ótima lente, bastando apenas entender a falta que o estabilizador faz e driblar essa deficiência.

Seguem então 10 pontos aprendidos:

1 – Flash externo

Devido a curtíssima profundidade de campo e os bichos quase sempre em movimento uma luz adicional faz uma grande diferença. Além disso permite fechar mais o diafragma e conseguir um nível maior de detalhes.  Permite também manter velocidades mais altas (1/200 ou mais), o que ajuda bastante no caso de insetos em voo por exemplo a abelha abaixo:

Abelha polinizada
iso 500, 100mm, f/11, 1/250s

2 – Foco Manual

É útil muitas vezes, principalmente quando o fundo da foto confunde o sensor, no caso de falta de contraste por exemplo. O ponto aqui é não economizar nos cliques, de modo a aumentar as chances de acertar um clique dentre vários. No caso do mosquito abaixo o foco oscilou um pouco, foi onde mudei para Foco Manual e a foto saiu.

mosquito
iso 400, 100mm, f/7,1, 1/250 s

 

3 – Atenção no Corte da imagem

Atenção para focar a área correta/desejada do inseto, pois desse modo possibilitará um corte maior dessa área. Particularmente gosto de focar os olhos/face, mas existem inúmeros detalhes a serem focados, (asas, pés, costas).  Garanta que o que você realmente quer focado estará no foco e o corte não será problema. No caso abaixo o objetivo era evidenciar os pelos do inseto.

mosquito
iso 400, 100mm, f/8,0, 1/250 s

4 – Tripé
Um tripé sem dúvida ajuda quando há necessidade de velocidades mais baixas do que conseguimos segurando a câmera nas mãos. Uma calculo básico para fotos sem tripé é a seguinte, para conseguir uma foto nítida com uma lente de 100mm por exemplo será necessário um disparo de 1/100s. Para velocidades mais lentas entra o tripé para ajudar na nitidez da foto. Porém é uma “faca de dois legumes”, pois muitas vezes ele atrapalha numa mudança de posição rápida que precise ser feita, o que é quase uma constante em fotografar insetos/animais. Apesar de ser uma constante não é uma regra, então vai muito da situação de cada foto. De qualquer modo é sempre bom ter um tripé consigo e não usá-lo do que precisar e não ter.

5 – Abertura do Diafragma

Fator importantíssimo na macrofotografia, devido a já mencionada profundidade de campo curta. Aberturas menores (f/11 e acima) irão aumentar muito a nitidez do objeto a ser fotografado,  porém para isso é necessário aumentar o ISO ou mesmo usar o flash externo. Não há duvida que aberturas maiores (f/2,8) dão um charme na imagem (meio que explodindo o fundo e dando um tom pastel) mas diminui bastante a profundidade de campo e a área focada. Outra vez aqui o segredo é não economizar no clique, alterando a abertura e mudando de posição em relação ao inseto. Abaixo vemos dois exemplos com a mesma lagarta, a primeira foto feita com abertura f/2,8 e a segunda com f/11.

lagarta 2.8
iso 400, 100mm, f/2,8, 1/250

 

lagarta f11
iso 400, 100mm, f/11, 1/250

 

6 – Velocidade de disparo

Ao usar flash externo a velocidade mais rápida possível (no caso da 60D) é 1/250, a qual costuma ser suficiente para as fotos macro.  Como fotografo geralmente com flash tenho como secundária a configuração de velocidade, já que sempre prefiro uma profundidade de campo maior (Diafragma mais fechado). Porém em situação de boa luz nada impede do flash ser desligado e com isso conseguir velocidades mais rápidas, (lembrando bem que isso exigirá que o Diafragma esteja mais aberto). A foto abaixo foi feita sem flash num disparo de 1/400s, mas para isso precisei abrir o Diafragma em f/2,8.

sem flash
iso 400, 100mm, f/2,8, 1/400 s

7 – Aprenda a “ver” em Macro

Quando se entra no mundo mágico dos detalhes é preciso estar atento e treinar os olhos para as micro-paisagens que existem, são inúmeras e variadas as possibilidades que se abrem, pois fogem a ótica que usamos diariamente.  A dica é se abaixar, deitar no chão, subir em árvore se for o caso. A diversão é garantida e os resultados também. Esses mini-cogumelos quase passaram desapercebidos na Reserva Guainumbi, assim como essas gotas suspensas.

 

gota
iso 100, 100mm, f/5,0, 1/250 s
macro fungo
iso 100, 100mm, f/11, 1/250 s

 

8 – Atenção ao fundo da imagem (background)

Assim como em qualquer fotografia o fundo tem grande relevância no resultado da imagem.  O flash, a pouca profundidade de campo e a luz do local podem mudar drasticamente a foto se você se mover poucos centímetros, vale explorar as possibilidades e ir agregando conhecimento em cada clique. Na foto abaixo rodeei a libélula mudando as configurações e ligando e desligando o flash. No fim gostei do fundo dessa sem flash, feita sob um Sol inclemente das 11:15hs.

libelula

iso 200, 100mm, f/2,8, 1/2500 s

9 – Conheça os hábitos dos insetos

É bem mais prático esperar um inseto numa determinada planta do que sair correndo atrás dele pela mata. Insetos tem hábitos, conhecê-los facilita bastante além de economizar um valioso tempo. Insetos sentem cheiro e costumam nos notar primeiro (somos bem maiores que eles), então caminhar com calma e vê-los antes que nos vejam é uma boa pedida. Observe por uns segundos antes de fotografar e treine a paciência, se não for possível fotografá-lo no dia pelo menos foi aprendido algo sobre seus hábitos e na próxima vez que o ver as chances de boas fotos aumentam. Começo do dia e fim da tarde são os horários mais indicados para pegar os insetos mais parados, como nessa foto abaixo, onde fiquei a uns 20 cm do mosquito.

mosquito
iso 250, 100mm, f/8, 1/250 s

 

10 – Seja paciente

Note o seu “Estado de Espírito”,  saímos para o mato para desestressar e não o contrário, muitas vezes voltamos sem uma única foto boa, mas é inegável que se ganha experiência em cada clique. Quanto mais relaxado se está mais descontraída fica a saída e com mais chances de se notar as “miudezas” do mundo. Então respire fundo e conte até 10 ou 100 quando no momento exato do clique perfeito o bicho sair voando, se algum sentimento ruim nos toma nessa hora pode ser que não percebamos que ele pousou bem perto numa situação bem melhor que a anterior.

 

marimbondo cavalo
iso 500, 100mm, f/2,8, 1/125 s

Outras dicas/experiências obtidas breve em próximos posts!

Qualquer dúvida sobre modo Manual da câmera é só baixar o pdf com os 10 passos para sair do modo automático.

Boas fotos!

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Chris Dornellas

Chris é fotógrafa e publicitária e entre uma coisa e outra também cuida desse blog. Quando não está na frente do computador se aventura para algum meio de mato, atrás de novas fotos e histórias. Devoradora de bons livros e chocolate meio amargo, também aprecia uma boa prosa e novas amizades.

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