Ubatuba: o paraíso das aves e do bird watching

           Nossa relação com Ubatuba é longa… Há uns bons anos descemos a serra no calor de janeiro em busca de água salgada, areia e maresia. Fomos tantas vezes que renderia assunto para vários posts… Então vou me concentrar na última vez que estivemos lá, em janeiro de 2014: o verão mais seco e quente dos últimos 40 anos! Primeira vez que não caiu uma gota de chuva nos 10 dias que ficamos em Ubatuba.
Somos sempre atraídos pelo lado norte, e costumamos ficar em um chalé bacana em Prumirim. O legal do chalé é que ele fica no pé da serra, próximo a Rio-Santos. E de manhã a gente literalmente acorda com os passarinhos. Se colocar um mamão e uma banana então… é só esperar a farra das saíras, tiês, entre outras belezinhas. Em seguida é só se posicionar estrategicamente na sacada, e esperar pela hora certa do click. Eles chegam bem perto! Fico encantada com as cores dessas aves!

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Dessa vez queríamos conhecer o Centro de Observação de Aves Cambucá (que faz parte do Núcleo Picinguaba/Parque Estadual da Serra do Mar). Encontramos com o simpático Carlos Rizzo e sua motocicleta, que nos acompanhou/guiou durante todo o passeio. Chegando na sede, hora de dar uma esticada nas pernas, pegar equipamento, repelente, dois dedos de café preto mas, opa! – Ali o contato com a natureza é de fato intenso! 😀

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O lago dá as boas vindas na trilha. E mais adiante, o bombachinha dando um tempo.

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O percurso é tranquilo numa trilha de pura mata atlântica! O número de aves em Ubatuba é impressionante. São 463 espécies registradas no wikiaves. Alguns sites apontam 555. É ave pra caramba! Mas o forte calor que fez naquele ano dificultou um pouco a observação. Na falta de aves, o papo correu solto! Rapidamente nos entrosamos com o Rizzo, que foi nos contando histórias de Ubatuba. Entre uma história e outra, eis que ouvimos o benedito batucando:

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Notamos uma movimentação pela direita, seguida de uma vocalização! Rizzo confirmou ser o Papa-moscas-estrela! Essa é uma espécie endêmica do Brasil e seu estado é vulnerável devido a perda de seu habitat. Mas ali estava ele! Rápido que só… hora se escondendo atrás de uma folha, hora sumindo no emaranhado de galhos, folhas e cipós! Com toda a dificuldade, conseguimos um registro! Ainda não está como gostaríamos, mas mesmo assim ficamos felizes! Nessa o Elton foi rápido! O topetinho verde deu uma passada rápida, só pra dizer um oi!

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Demos uma boa andada no lugar até ouvirmos outra vocalização. Era o trepador-coleira, também conhecido por Limpa-folha-de-coleira em MG. Nunca tínhamos visto o bicho, mas ele nos deu uma rápida brecha:

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Além dessas ouvimos a galinha do mato e vimos a choquinha de peito pintado, essa última quase ameaçada de extinção. Infelizmente não conseguimos bons registros desses.
Num ponto avançado da trilha, chegamos em uma enorme casa. Fomos informados pelo Rizzo que esse local está aberto para hospedagem por preços bem interessantes! Nos minutos em que ficamos por ali vimos benedito, tuim, sanhaçus e beija-flores circulando pela área.

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Continuando com as aves, aproveitamos para conhecer o Restaurante Tropical que fica na praia da Lagoinha. Beto, como é conhecido o dono do local, colocou um comedouro na varanda, o que começou atrair inúmeras aves como saíras, tiês, corruíras, beija-flores entre outras. E o que a gente mais queria ver era o saí verde, pois até então não tínhamos visto o bicho. Mal chegamos e já fomos recebidos pelos locais. Pareciam curiosos com a nossa presença e ficavam espiando a gente entre uma bicada de banana e outra.

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De volta ao chalé, enquanto “descansávamos” era comum aproveitar pra fazer umas fotos…

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Começávamos “em casa” mesmo, era só sair pela porta da cozinha, olhar pra cima e escutar! Logo era possível notar alguma movimentação. É batata! 😀 Cansamos de ouvir o trovoada! E numa outra vez que fomos pra lá, o sabiá-una bateu cartão na “nossa árvore” todos os dias! Não cansava de cantar, mesmo na chuva. (Naquele ano, choveu!). Isso sem contar os insetos, que são muitos! Uma pena não ter a lente macro na época. Na maioria das vezes que estivemos lá, a saíra sete cores reinava. Mas dessa vez foi a militar:

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Esse aí me intrigou! Estávamos ali no chalé conversando, quando vejo “alguma coisa” na folha do coqueiro. O danado subiu lá no alto! Primeira vez que vimos um anfíbio nas alturas! Ele subiu uns 20 metros!

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Esse daí é dos grandes! Estava bem ali, em uma das árvores ao redor do chalé. Quando olhamos não acreditamos, o bicho tinha uns 10 cm! Só depois é que fomos saber que se tratava da mãe do sol, um dos maiores besouros da família Buprestidae, que são esses coloridos e brilhantes.

 

 

Continuando a descida do chalé, e é uma bela descida, atravessamos a Rio-Santos e pegamos uma trilha ali no Prumirim mesmo. Já passamos por lá em outras vezes. E ‘pra variar’ vimos o cuspidor e o pintadinho. Mas aquele ano estava mesmo esquisito e sentimos falta de vários outros que já (ou)vimos por lá! Uma pena.

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cuspidor de máscara preta (Conopophaga melanops)

Entre uma trilha e outra, suados, seguíamos rumo a alguma praia. Veja por onde mais passamos nessa viagem aqui na Parte 2: Ubatuba e suas praias paradisíacas.

 

 

 

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2 respostas

  1. Gratidão a oportunidade.

    Gostaria de conhecer mas esse projeto de observação de aves de Carlos Rizzo

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Chris Dornellas

Chris é fotógrafa e publicitária e entre uma coisa e outra também cuida desse blog. Quando não está na frente do computador se aventura para algum meio de mato, atrás de novas fotos e histórias. Devoradora de bons livros e chocolate meio amargo, também aprecia uma boa prosa e novas amizades.

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